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Brasil integra grupo de países com baixa prevalência de cárie

Na última semana de dezembro de 2010, o Ministério da Saúde divulgou os resultados do Projeto SBBrasil. O levantamento feito com base em entrevistas e exames bucais em 38 mil pessoas revela que o Brasil passou a integrar o grupo de países com baixa prevalência de cáries. Houve uma redução na gravidade da doença cárie em crianças, adolescentes e adultos.

APCD Jornal - Fevereiro 2011

Brasil integra grupo de países com baixa prevalência de cárie

Levantamento do Projeto SBBrasil mostra que houve uma redução no número de cáries em crianças, adolescentes e adultos

Por Mariana Pantano

Na última semana de dezembro de 2010, o Ministério da Saúde divulgou os resultados do Projeto SBBrasil. O levantamento feito com base em entrevistas e exames bucais em 38 mil pessoas revela que o Brasil passou a integrar o grupo de países com baixa prevalência de cáries. Houve uma redução na gravidade da doença cárie em crianças, adolescentes e adultos.

Para estar neste grupo, o indicador CPO (sigla para dentes cariados, perdidos e obturados) deve estar entre 1,2 e 2,6, segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2003, o país tinha índice de 2,8, passando, atualmente, para 2,1 — melhor que a média dos países das Américas. A pesquisa aponta uma queda de 26% no número de cáries dentárias nas crianças de 12 anos desde 2003 - idade usada como referência pela OMS, pois é nela que a dentição permanente está praticamente completa. Em crianças de 12 anos, idade que é sempre analisada para comparações nacionais e internacionais, o percentual de livres de cárie, ou seja, que não têm atualmente e nem tiveram cárie dentária em nenhum momento da vida, passou de 31% para 44%, um aumento de 13 pontos percentuais que representam 42% em termos relativos.

Segundo o coordenador geral do projeto, Angelo Roncali Oliveira, o resultado de 2010 leva o País para a posição de baixa prevalência (CPO de 1,2 a 2,6), um patamar semelhante a uma boa parte dos países europeus, dos Estados Unidos e do Canadá. “Dentre os países da América do Sul, temos hoje a menor média de CPO aos 12 anos, juntamente com a Venezuela, que tem resultado semelhante”.

Nos adolescentes, de 15 a 19 anos, a queda de CPO em relação a 2003 foi ainda maior, passou de 6,2 para 4,2 dentes - uma redução de 30%. Uma estimativa de 18 milhões de dentes que deixaram de ser afetados pela cárie nessa faixa etária durante esse período.

Nos adultos, de 35 a 44 anos, o CPO caiu 19%, passou de 20,1 para 16,3, em sete anos. “Porém, foi nessa faixa etária que se observou a maior inversão entre os componentes do CPO: a proporção do componente ‘obturado’ aumentou de 4,2 para 7,1 (um aumento de 69%), associado a uma queda para quase a metade do componente ‘extraído’”, enfatiza o coordenador. Angelo Oliveira ressalta que esses resultados mostram que, além de apresentar menor ataque de cárie, as crianças, os adolescentes e os adultos brasileiros estão tendo maior acesso à ações e serviços de saúde bucal de características mais restauradoras e menos mutiladoras, se configurando em uma importante inversão de tendência.

O coordenador destaca o que ainda pode e deve ser melhorado. “Em primeiro lugar, à semelhança das pesquisas anteriores, as diferenças regionais na prevalência e severidade da cárie ainda são marcantes. Em geral, os resultados para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são sempre piores que os encontrados nas regiões Sul e Sudeste.” Oliveira chama atenção para outro resultado: a cárie na dentição decídua apresentou uma redução pequena (18%), sendo que 80% dos dentes afetados continuam não tratados, o que indica uma provável negligência dos serviços com relação a esta idade, a qual deve ser superada. “Com relação às atividades reabilitadoras, apesar de ter diminuído a necessidade de prótese em adolescentes e adultos, o déficit em idosos ainda é significativo. E, por fim, a prevalência de problemas ortodônticos que requerem tratamento imediato é de 10% em adolescentes, indicando a necessidade de redimensionar a oferta desse tipo de procedimento nos serviços de atenção secundária”, ressalta o coordenador. “A partir dos resultados desse projeto, queremos melhorar as ações de saúde bucal no Brasil e aprimorar os fatores mais eficazes para ter políticas públicas mais eficientes”, afirma o coordenador nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, Gilberto Pucca.

O Brasil Sorridente, criado em 2003, funciona de maneira integrada à Estratégia Saúde da Família, levando atendimento odontológico às residências e escolas. Existem 20,3 mil equipes de Saúde Bucal - compostas por Cirurgião- Dentista, Auxiliar e Técnico em Saúde Bucal – que atendem em 85% dos municípios do país. São responsáveis pelo atendimento primário (educação e prevenção, distribuição de kits de higiene, tratamento de cáries, aplicação de flúor, extração e restaurações). As equipes de Saúde Bucal são responsáveis por encaminhar os pacientes que necessitam de procedimentos de média e alta complexidade para os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO). Nesses locais, as pessoas contam com tratamentos de canal, gengiva, cirurgias orais menores, exames para detectar câncer bucal e intervenções estéticas. O país tem 853 centros, sendo que mais de 60% deles estão nas cidades com até 100 mil habitantes. Pucca afirma que desde de a criação do Programa Brasil Sorridente foi possível controlar o principal problema de saúde pública, que é a cárie. “Os resultados do SBBrasil mostram que atingimos a nossa meta. Porém, precisamos e vamos aumentar o acesso da população adulta ao tratamento odontológico.” O coordenador nacional afirma que a meta do Brasil Sorridente é eliminar a doença. “Não adianta criar centros especializados se os problemas de saúde oral continuar crescendo. Estamos criando ações ministeriais de saúde bucal dentro de outros Ministérios para que a atuação do Brasil Sorridente chegue naquelas regiões mais necessitadas. Vamos aumentar a frente de prevenção e universalizar o uso da escova e da pasta de dente. Quero salientar que não existe nenhum programa de prevenção e fluoretação das águas no mundo igual ao do Brasil. Vamos aumentar o número de Centros de Especialidades Odontológicas oferecidos na rede pública. E pretendemos dobrar o número de laboratórios regionais de prótese dentária. Nos próximos quatro anos, queremos chegar próximo do zero para aquelas pessoas que precisam e não conseguem ter a prótese dentária”, finaliza.

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